Por trás dos Magos e guerreiros, das botas afinadas que lembravam os antecessores, havia borbulhas e ânimo adolescente. Se Aimar, Dí María, Ramires, David Luiz e Saviola - apesar das semelhanças no dorso e nos golos - não tinham o bigode de Chalana, Humberto, Toni ou Veloso apenas porque não queriam, também é verdade que a segunda linha era ainda imberbe, não só pela idade mas também pelo estatuto. Sidnei, Miguel Vítor, Felipe Bastos, Urreta, Airton, Menezes ou Kardec: todos eles tinham ainda a camaleónica voz adolescente, que alterna passes adultos com erros de criança. Tudo normal, tudo parte do processo que, no drama de Bernard Shaw, Elizabeth passa com Higgins: a primeira desenvoltura não esconde o cerne ainda infantil; havia trabalho a fazer com Airton, apesar da aparente facilidade com que substituía Javi. A intensidade de Menezes tinha de ser melhorada, caso se pretendesse transformar aquela finta de moleque jeitoso no estilo quase filosófico de Aimar.
Mas, três anos depois, só resta um. Miguel Vítor, manutenção burocrática no plantel, que parece um quarentão pós-moderno, estagnado na adolescência futebolística de há três anos. Sem pisadelas de Barcelos, sem botas enlameadas pela Mata Real, sem cicatrizes de disputas em Olhão, sem calos de tanto pisar a luz e sem a voz grossa de quem tem três anos de vida.
Da mesma maneira que Roderick, caído nas boas graças do clube, acaba por ter a sua própria fortuna virada contra si: a nossa jóia precoce, o nosso diamante em bruto, é vítima de uma mãe galinha que não deixa lapidar o diamante. É tão absurdo como não querer ferrar um cavalo pela dor que lhe vai causar, sabendo que, passada aquela primeira dor, ser-lhe-à muito mais confortável a ferradura; ou como não vacinar uma criança com medo do terrível aspecto da agulha.
Dos nossos jogadores em laboratório, nenhum chega ao campo. Não chegou Airton, Urreta ou Menezes, como não chegaram Fábio Faria, Carole ou Jara, como não chegaram Mora ou Wass. Os outros, os Rodericks, Vítors, Rúbens Pintos ou mesmo Nélsons Oliveiras, continuam a aquecer, à espera do dia em que estiverem prontos. Já estão? Claro que não, não estão prontos. Mas o que havia a fazer em laboratório, já está feito. Uma incubadora não aguenta um bebé durante uma vida inteira, o resto do crescimento faz-se no campo. No mesmo sítio onde cresceram os imberbes Saviola e Aimar e onde crescem todos os dias milhares de brasileiros.
Não se trata, obviamente, de uma banalização da camisola: o monge tem de merecer o hábito. Não se dá um 10 de Eusébio e Rui Costa a alguém que ainda não sabe controlar a sua própria voz, quanto mais a equipa de seis milhões. Mas os calos podem-se ganhar. Há tantos minutos, que mesmo um anticomunista crónico poderia optar por distribuí-los melhor. E, sobretudo, dar confiança. Se Airton chegou a prometer, para que é que vem depois Nuno Coelho? Para quê Matic, se havia David Simão. O meu sonho é ver a prospecção de mira desviada: sai Witsel e contrata-se um substituo para David Simão. Sai Garay e encontra-se um substituto para Roderick. Saídos os donos do lugar, que saltassem para a ribalta os que já andavam a ser preparados. Como quando saiu Reyes, e na época seguinte o seu Angel da guarda, que lhe guardava as costas e o lugar no banco, brilhou. Era tão mais bonito...
Isso seria um sonho tornado realidade, mas não dá comissões ou estas são de valor reduzido.
ResponderEliminarN O V O B L O G
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