Se houvessem ambições políticas ou intenções dissimuladas, poderiam ser já esquecidas. Quem mostra o jogo todo à partida mostra também o seu certificado de inaptidão estratégica e de nabice diplomática. Pois bem, é esse o caso da assembleia e é esse o caso de Catão - não está mais em causa do que aquilo que vemos no nome; um espaço de discussão, uma assembleia, que visa as eleições no benfica. Não há quaisquer marcas visionárias no discurso deste espaço: espera-se, qual Catão, o insistente papagaio de uma única frase, apenas uma repetição daquilo que tem sido a história do Benfica. Quem é benfiquista não pede novidade: pede antiguidade, pede aquilo que não teve. Talvez não seja por acaso a velha ligação do benfica ao Restelo: quem tem costados de ouro precisa de um velho ancião que os lembre de vez em quando.
Também o nome prova esta velhice crónica: Assembleia à sexta-feira, moda antiga na luz, em que se espera casa cheia. Não é apenas um exercício prático de quem só tem a sexta-feira para escrever, é a junção de oxímoros própria do Benfica - Passado e futuro, beleza e pragmatismo, povo e condes do Restelo, como também aqui se junta o útil ao agradável.
Prometem-se gargantas roucas e ânimos exaltados, exortação da glória e flagelo da desgraça, prometem-se assembleias à benfica. Só não se promete novidade porque o Benfica não quer novidade, quer restauração daquilo que sempre foi.
Acompanhem, de sexta em sexta, o rumo do benfica ruma à escolha de um novo comandante. Tracem perfis de candidatos, de equipas e de sonhos. É assembleia, tudo é permitido!
Se ficou alguma coisa por dizer, perdoem o descuido. Na verdade, a distracção benfiquista está abençoada desde o dia em que Cosme Damião se esqueceu de pôr o seu nome entre os fundadores do nosso clube.
A assembleia está aberta e espera-se a afluência das massas. Aberta a sessão, jogue o Benfica!
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